junho 29, 2006

AH O MOSHE...

Mão Morta
Bófia


O bófia empurrava-me e dizia para desandar. Eu não podia compreender porquê. Quiz-lhe perguntar. O bófia sacou do casse-tête e deu-me com ele uma, duas, três vezes nos costados. Senti um choque eléctrico percorrer-me o corpo e uma humilhação que não podia ficar impune. Não percebia porque ele me batia. Quiz-lhe perguntar. Mas o gajo continuou a dar-me cassetadas e já os outros bófias se aproximavam de casse-tête na mão. Não ia ficar para ali, especado,feito bombo da festa. Uma raiva surda trepava-me à cabeça. Ah, que raiva! Quando dou conta, mandava-lhe uma joalhada aos tomates. Senti-os a espalmar de encontro ao joelho.Já os outros bófias descarregavam sobre mim os seus casse-têtes virados ao contrário.Senti uma dor de vertigem quando um me acertou na cara. Percebi que a carne se rasgava e um esguicho de sangue me inundava os olhos. Já me acertavam por todos os lados. Mas não interessava. Já nada interessava.Sede de sangue!Sede de sangue!Sede de sangue!Sede de sangue!Já nada interessava. A não ser aquele bófia agarrado aos tomates. Num último esforço disparo-lhe um pontapé à cara. Assim, de baixo para cima - pás! Senti a biqueira da bota entrar-lhe pelas fuças dentro. Os ossos a quebrar. Os dentes a saltar numa baba de cuspe e sangue. Senti o olho a esborrachar-se sobre a biqueira da bota. Os outros bófias continuavam a descarregar sobre mim os seus casse-têtes virados ao contrário. Mas eu já nada via. Só sangue. Dores. Senti-me dobrar. Cair.Aaaaaaaaaahhh!...